era estrela, supernova ou cometa.
Diz-se que brilhava intensamente
anunciando o nascimento dum Messias.
Que brilhe novamente este Natal,
que volte a ressurgir em nossos dias
que venha anunciar a profecia
de paz e harmonia no planeta.
Gouveia,R. 2007
A Estrela de Belém aparece em muitas das representações da Natividade que foram sendo criadas ao longo dos séculos. As mais antigas mostram uma estrela simples, de seis, sete ou oito pontas, como é o caso de algumas, do séc. IV, encontradas em sarcófagos no Vaticano, ou, do séc. VI, em mosaicos de Ravena. O capitel do séc. XII, de Gislebertus, da catedral de Autun, exibe também uma estrela de oito pontas.
Mais tarde, surgem as famosas pinturas de Giotto (1267-1337): o fresco A Adoração dos Magos (1303-05), da Capela Scrovegni, em Pádua, e também A Epifania (1320), um painel pertencente a uma série de sete sobre a vida de Cristo. Nestas duas obras a estrela surge com uma cauda, tal como um cometa, o que não é muito estranho se nos lembrarmos de que em 1301 se registou uma passagem do cometa Halley, que Giotto certamente terá observado.
Aliás, esta ideia, de que a estrela poderia ter sido semelhante a um cometa, já vem referida nos escritos de Origens de Alexandria, filósofo e teólogo que viveu entre 185 e 254 D.C. e um dos primeiros a procurar uma interpretação natural para o fenómeno.
Os cometas são os únicos pequenos objectos do Sistema Solar que se conhecem desde a mais remota Antiguidade. O cometa Halley é documentado desde 467 a.C. A civilização chinesa, sempre empenhada em manter registos, tem referências ao cometa Halley desde pelo menos o ano 240 AC. Em 1682 o astrónomo inglês Edmond Halley (1656-1742) determinou a sua órbita, sendo o Halley um cometa periódico visível a cada 76 anos.
Encontram-se registos gráficos do Halley na tapeçaria normanda de Bayeux. A Tapeçaria de Bayeux é uma obra de arte bordada entre 1070-1080 pelos artesãos da catedral de Canterbury a pedido do bispo Odo de Bayeux (1030-1097), meio-irmão de Guilherme, o Conquistador. Além de representar magnificamente muitas cenas da vida quotidiana nobre do final do século XI, a Tapeçaria retrata a vitória normanda na batalha de Hastings (1066), que teve como consequência a posterior conquista normanda da Inglaterra com a derrota anglo-saxã das forças de Haroldo II, rei da Inglaterra (1066). A passagem do cometa, representada na cena 16 na parte superior esquerda, foi interpretada como um mau presságio.
Sempre tive uma atracção pelos astros, embora não saiba muito de astronomia. Quando dava um tópico do programa de Inglês que se chama "Space", procurava sempre transmitir aos alunos o entusiasmo que nós - adolescentes ou adultos jovens nos anos 60 - sentíamos pelas aventuras dos astronautas e o relato das viagens á Lua. Penso que nem sempre consegui incutir nos alunos esse fascínio - até porque as aulas eram dadas em inglês - mas pelo menos eu vibrava com o tópico, bem mais interessante do que a época vitoriana ou a Revolução Industrial ( para mim).
ResponderEliminarO meu filho tinha uma vontade enorme de estudar astronomia e ainda hoje é fan incondicional de filmes de ficção científica. Acabou por enveredar pelas telecomunicações, o que acaba por ser investigação no ciber-espaço.
Gostei muito da lição de astronomia e história que nos deu hoje. Obrigada e um abraço.
ResponderEliminarTambém me fascinam os astros e pensar que muitas vezes estamos a olhar para um passado que já não existe é algo que me impressiona tanto que me tem sugerido alguns poemas
ResponderEliminarEstrelas
A estrela que ambos olhamos
pode já não existir
há vários milhões de anos.
E tu olhas-me a sorrir,
pensas que estou a mentir.
A luz que então enviou
pelo espaço vagueou
e só agora chegou,
enquanto a pobre da estrela,
que em tempos fora tão bela,
foi minguando, definhou,
e em anã se transformou,
ou então foi em gigante,
talvez em buraco negro.
É como o desaconchego
daquela paixão de amante
que ao morrer, depois de intensa,
deixa uma dor negra imensa.
Um beijinho para a Virgínia e a Graciete