Qual será o destino deste blogue?

Aos meus amigos

Creio que fui muito ambiciosa ao pretender gerir dois blogues simultaneamente. Provavelmente este irá acabar por "morrer". Se isso acontecer poderão continuar a seguir-me no site abaixo, onde desde já são sempre bem-vindos

http://www.docaosaocosmos.blogspot.com/

Por lapso, no endereço do blog (ver abaixo) falta um e. Peço desculpa pela gralha mas é mais fácil assumir a gralha do que estar a criar um novo blogue ...
Espero a vossa compreensão

http://www.reflexoeseinterferncias.blogspot.com


Setembro de 2018

Confirmaram-se as minhas previsões sobre a efemeridade deste blogue.

Inativo desde 2010, pretendo agora dar-lhe continuidade mas alterando a sua função.

Vou dedicá-lo essencialmente aos mais jovens, nomeadamente postando textos de vários autores, incluindo textos meus inéditos ou inseridos nos livros que tenho publicado para o público infanto-juvenil.

domingo, 20 de dezembro de 2009

A estrela de Belém

Não sabemos se a estrela de Belém


era estrela, supernova ou cometa.

Diz-se que brilhava intensamente

anunciando o nascimento dum Messias.

Que brilhe novamente este Natal,

que volte a ressurgir em nossos dias

que venha anunciar a profecia

de paz e harmonia no planeta.

Gouveia,R. 2007



A Estrela de Belém aparece em muitas das representações da Natividade que foram sendo criadas ao longo dos séculos. As mais antigas mostram uma estrela simples, de seis, sete ou oito pontas, como é o caso de algumas, do séc. IV, encontradas em sarcófagos no Vaticano, ou, do séc. VI, em mosaicos de Ravena. O capitel do séc. XII, de Gislebertus, da catedral de Autun, exibe também uma estrela de oito pontas.



Mais tarde, surgem as famosas pinturas de Giotto (1267-1337): o fresco A Adoração dos Magos (1303-05), da Capela Scrovegni, em Pádua, e também A Epifania (1320), um painel pertencente a uma série de sete sobre a vida de Cristo. Nestas duas obras a estrela surge com uma cauda, tal como um cometa, o que não é muito estranho se nos lembrarmos de que em 1301 se registou uma passagem do cometa Halley, que Giotto certamente terá observado.

Aliás, esta ideia, de que a estrela poderia ter sido semelhante a um cometa, já vem referida nos escritos de Origens de Alexandria, filósofo e teólogo que viveu entre 185 e 254 D.C. e um dos primeiros a procurar uma interpretação natural para o fenómeno.

Os cometas são os únicos pequenos objectos do Sistema Solar que se conhecem desde a mais remota Antiguidade. O cometa Halley é documentado desde 467 a.C. A civilização chinesa, sempre empenhada em manter registos, tem referências ao cometa Halley desde pelo menos o ano 240 AC. Em 1682 o astrónomo inglês Edmond Halley (1656-1742) determinou a sua órbita, sendo o Halley um cometa periódico visível a cada 76 anos.

Encontram-se registos gráficos do Halley na tapeçaria normanda de Bayeux. A Tapeçaria de Bayeux é uma obra de arte bordada entre 1070-1080 pelos artesãos da catedral de Canterbury a pedido do bispo Odo de Bayeux (1030-1097), meio-irmão de Guilherme, o Conquistador. Além de representar magnificamente muitas cenas da vida quotidiana nobre do final do século XI, a Tapeçaria retrata a vitória normanda na batalha de Hastings (1066), que teve como consequência a posterior conquista normanda da Inglaterra com a derrota anglo-saxã das forças de Haroldo II, rei da Inglaterra (1066). A passagem do cometa, representada na cena 16 na parte superior esquerda, foi interpretada como um mau presságio.


Nos nossos presépios é extremamente comum vermos a estrela de Belém representada como um cometa. Só que a cauda do astro está voltada para o estábulo, o que é cientificamente inaceitável. Quando o Sol se põe as caudas dos cometas apontam para cima, pois elas sempre ficam em sentido contrário ao Sol.

No entanto, Giotto, que viu o Halley em 1301, na Adoração dos Magos pintou -o na posição correcta, com a cauda voltada em sentido oposto ao estábulo.


A hipótese de a estrela de Belém ser o cometa Halley é muito improvável em termos cronológicos.

Para a maioria dos teólogos dos primeiros séculos D.C., tal como Santo Agostinho (354-430), a estrela terá sido um milagre, uma força divina que terá tomado a forma de uma estrela. Ainda hoje muita gente acredita nesta justificação.



Mas a partir dos séculos XIV e XV, com o Renascimento e as Descobertas, assistiu-se a um desabrochar do conhecimento, o que viria a trazer à luz alguns paradoxos religiosos. Começou a surgir a necessidade de se encontrar uma explicação mais clara e natural para este género de prodígios, de forma a compatibilizá-los com os dados empíricos.

O contributo mais importante para se começar a pensar na estrela como um fenómeno astronómico real terá sido dado, já no séc. XVII, pelo astrónomo alemão Johannes Kepler.

Antes do Natal de 1603, Kepler observou uma conjunção entre Júpiter e Saturno. Os planetas estavam muito próximos, separados apenas por um arco de grau, na constelação de Peixes. Kepler fez então uma série de cálculos que lhe permitiram concluir que uma conjunção semelhante teria ocorrido no ano 7 A.C.. Mas essa conjunção tivera uma particularidade, fora uma conjunção tripla, ocorrida entre Maio e Dezembro desse ano remoto.

3 comentários:

  1. Sempre tive uma atracção pelos astros, embora não saiba muito de astronomia. Quando dava um tópico do programa de Inglês que se chama "Space", procurava sempre transmitir aos alunos o entusiasmo que nós - adolescentes ou adultos jovens nos anos 60 - sentíamos pelas aventuras dos astronautas e o relato das viagens á Lua. Penso que nem sempre consegui incutir nos alunos esse fascínio - até porque as aulas eram dadas em inglês - mas pelo menos eu vibrava com o tópico, bem mais interessante do que a época vitoriana ou a Revolução Industrial ( para mim).
    O meu filho tinha uma vontade enorme de estudar astronomia e ainda hoje é fan incondicional de filmes de ficção científica. Acabou por enveredar pelas telecomunicações, o que acaba por ser investigação no ciber-espaço.

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  2. Graciete Rietsch Monteiro Fernandes20 de dezembro de 2009 às 12:30

    Gostei muito da lição de astronomia e história que nos deu hoje. Obrigada e um abraço.

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  3. Também me fascinam os astros e pensar que muitas vezes estamos a olhar para um passado que já não existe é algo que me impressiona tanto que me tem sugerido alguns poemas
    Estrelas
    A estrela que ambos olhamos
    pode já não existir
    há vários milhões de anos.
    E tu olhas-me a sorrir,
    pensas que estou a mentir.
    A luz que então enviou
    pelo espaço vagueou
    e só agora chegou,
    enquanto a pobre da estrela,
    que em tempos fora tão bela,
    foi minguando, definhou,
    e em anã se transformou,
    ou então foi em gigante,
    talvez em buraco negro.
    É como o desaconchego
    daquela paixão de amante
    que ao morrer, depois de intensa,
    deixa uma dor negra imensa.
    Um beijinho para a Virgínia e a Graciete

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